quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016


Não superei seus olhos. Eu os vejo em todos os lugares: rua, sala, quintal, roncó.. Parece feitiço, sina, maldição. Fujo deles, de você e das minhas lembranças enquanto curo minhas curas, enquanto espero meu cabelo crescer. Traço um novo caminho, no qual você não estará, que você não vai cruzar. Queria ter o dom de mudar o que foi ruim, manter o que foi bom, mas não me cabe. Eu não sirvo mais naquela roupa de libertina que satisfazia seus desejos e saciava minha fome. Tanto fogo, tanta vontade de penetrar no outro, um "j' ne sais quoi", uma liga que não suportou meus vendavais, minhas inundações, tempestades.. Culpa do santo? Do meu desgoverno, da vida sem rumo. Culpa minha! Que criei uma magia que não existia, um homem, um amigo, um amante. Culpa sua! Da sua lua em peixes, do seu veneno, encanto que me fez acreditar que eu era tudo, mas eu era nada além de um corpo.

Hoje eu só sei sentir paixão, só sei o que é abismo. Eu gosto do estrago, do encontro, do lastro, mas eu quero me curar de você.

Hoje não consigo superar seus olhos, mas um dia..




(as cartas que não mandei)

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