sexta-feira, 28 de dezembro de 2018

As vezes
Dá uma vontade
Enorme
De ligar
Perguntando
"E aí, como você ta?"

As vezes
Vejo suas fotos
Lembro
De cada segundo
Daquele clique

As vezes
Sinto saudades
E choro

Então me lembro
Que tudo
Foi mentira
E volto a viver
Minha vida




sexta-feira, 9 de novembro de 2018

 caminho estamos agora? Desde do último beijo que te dei até o dia que vi você com outra mulher. Já não sei mais.
Eu tento todos os dias desenrolar as palavras que estão presas na minha garganta e não chorar mais por elas, não chorar mais por você e por tudo que vivemos, pelo que não vivemos.
Meu desejo era ser tua, e somente ser.
Sem regras, sem medo, sem mágoas.
Ter um céu azul no dia seguinte, acordar ao lado.
Mas nunca existiu céu, nunca existiu nos dois.
Voce pode achar que não me importo, ou que não ligo mais. A verdade é que decidi seguir meu caminho.
Se ele cruza com o seu, já não sei mais.
Cansei de esperar atingir seu coração com dedicatória em livros, perfumes, beijos e fotos.
Se nada disso te atinge.
Se meu amor não te atinge.
Nao há nada mais que eu possa fazer.
Nesse momento eu só sinto muito, tão profundamente como no dia que descobri que você havia casado com outra.
Nesse momento eu só imagino aquele dia
Meu coração quebrado e sem saber onde por os cacow
E imagino isso acontecendo novamente.

Então, Índio, que lugar eu tenho na sua vida que não seja em poucos minutos do seus dia?
Em segundos do seu pensamento?
Ou nas horas que você se sente só?
Seu sorriso ainda me alimenta, mas preciso viver do meu, com o meu.
Não posso mais.
Adeus.

domingo, 16 de setembro de 2018

Minha mãe, meu lado espiritual, estudo, consciência
Meu pai, a beleza, o romantismo, a adoração
Meu irmão, a luta, a militância, a subversão
Minha irmã, a coragem, a vaidade, a doação

Entendi tudo agora!

segunda-feira, 16 de julho de 2018

Eu pensei em não te escrever.
Pensei em deixar tudo como está, e tudo bem.
Tá tudo bem.
Cada um vivendo sua vida, assim que deve ser.
Será? Não sei.
Sempre existiram dúvidas no meu coração.
Acho que por isso ele é selvagem, nem tanto indomável. Questão de ser e não estar.
Quem sabe?
Mas não vim falar sobre minhas dúvidas, vim falar de certezas.
E é certo que te machuquei e magoei muitas vezes, em várias situações que nem sequer percebi, e que isso também me machucou, muito.
As palavras saem do meu peito feito lâmina, cortando tudo que vê pela frente, as vezes tenho medo de mim mesma.
Mas são só palavras, não são sentimentos, são só palavras vazando de mim.
Nada do que disse é o que eu sinto.
E eu sei que você sabe.
Só sinto em ter que dizer isso, assim, escrito e ter perdido as oportunidades de me abrir, sem medo.

Minha impulsividade, minha paixão, é minha insensatez. Me perdoe, mas tudo é demais aqui dentro.

Não tô querendo justificar, mas já justificando, é que tua ausência sempre me inquietou, sempre me casou saudade e fome, sim, eu sinto fome.
E quando senti tão latente, tão forte, não tive outra opção a não ser gritar.
Gritar, xingar e odiar o mundo por não estar com você. Eu sei, não foi legal.
Mas é assim mesmo, e eu tento controlar.

Queria dizer também que a distância é uma aliada nossa.
Que o tempo é cura.
E que o passado não me importa mais.

Só desejo agora que daqui pra frente, pouco a pouco, a gente possa se encontrar num lugar mais leve, mais bonito, mais tranquilo.

Talvez seja mesmo no tempo da delicadeza, da amizade, do companherismo, ou só se ver na rua mesmo, se abraçar e dizer que tá tudo bem. "Até um dia, fica bem."

Mas será que consigo?
Será que um dia vou superar teus olhos?
Mais que a fome que arde em meu peito, são seus olhos na minha retina em tudo que vejo.

Não consigo dar adeus, no máximo só um até breve.
E também não sei terminar essa carta sem dizer que te amo.



Ornella Rodrigues. Vênus em touro. 2018.

terça-feira, 24 de abril de 2018



Não como

Não bebo




Melhor assim

Menos um kilo

Quem sabe assim

Ele ainda

Vai me amar




Não bebo

Não como




Melhor assim

Porque não tenho

Dinheiro

Pra pôr em casa




Não bebo

Não como




Melhor assim

Fico focada

No trabalho

Esqueço dos dias

Que estão por vir




Não bebo

Não como




Seca a garganta

Ronca o estômago

Mas sigo

Vertendo

Água salgada




Não bebo

Não como



Adoeço

Padeço




2018.

sábado, 7 de abril de 2018


lembro de todos
os cortes
do sangue escorrendo
ardor em meu peito
não escondo minhas cicatrizes
afinal
pra ter um coração selvagem
é preciso lidar
com todas as marcas
ter orgulho
de apresenta-las, assim
em carne viva

sexta-feira, 16 de março de 2018



Parei
De contar
Quantas camas frias
Já esquentei

Quantas
Bocas mentirosas
Beijei

Foram tantas
Inúmeras
Quedas
De joelhos
Em frente a membros
Mortos

Que pela minha
Oração
Entraram
No céu do gozo


Pelas minhas
Mãos
Pernas
Pela minha vulva
Sempre úmida

Todos
Se aqueceram
Se embriagaram
De mim

Até que
Saciados
Deixaram meu
Corpo

Meu coração
Cada vez mais
Gelado

quinta-feira, 15 de março de 2018



Quem morre
Quem sofre
Quem fica
Na dor
No corte

Quem vela
A sorte
Quem dá
Suporte
Sofre

Quem fica
Não
Segue
Forte

Mulher negra
Presente!

Mais um
Ano
Dia
Continuo
Sem saber
Quando desatar
Esse nó
Existe nós?
Continuo
Sem saber
Sempre
A sombra
Perdida
Sou barco
Sem rumo
Naufrágio
Em seus olhos
De mar

quarta-feira, 14 de março de 2018

Preciso escrever
Palavras
Que me afogam
Jogá-las
No mar do meu
Desassossego
E deixar
Meu corpo
Leve
Solto
Pra enfrentar
Mais um dia
De naufrágio
Bate
No meu peito
Saudade
Das horas
Em que
Seu olhar
Seu abraço
Sorriso
Eram porto
Seguro
Pro meu cansaço
Ancorar

segunda-feira, 12 de março de 2018

Fiz dos meus dias
Entrega
Saltos e quedas
Com começo
Meio
E fim

Pra que quando
Chegasse
No bater
Das horas
E meu corpo
Cansado
Fosse misto
De prazer e solidão

Tivesse a certeza
Que cada segundo
Cada minuto
Fui inteira
Sem arrependimentos
Nem medo
matar minha
sede de amor
em outros corpos
diluir
todo sentimento
como chuva de verão
me resta o desejo
essa fome
de vida
de paixão
que não deixa
meu corpo

domingo, 11 de março de 2018

matar minha
sede de amor
em outros corpos
diluir
todo sentimento
como chuva de verão
me resta o desejo
essa fome
de vida
de paixão
que não deixa
meu corpo

sexta-feira, 9 de março de 2018



Ando falando de amor
Sim, comecei a sentir
Necessidade de cultivar afetos
Serei repetitiva, como sempre
Minha poesia fala de mim
Então será monótono
Como dias de chuva

Ando falando de amor
Sim, preciso lembrar
De regar meu coração pela manhã
E enfrentar a dureza
Do cotidiano
Não é fácil

Ando falando de amor
Porque tenho fé
Oxalá, meu rei
Oxum, minha mãe
Peço sua benção
E sigo firme

Ando falando de amor
Amor próprio cura!

quinta-feira, 8 de março de 2018

Fiz o santo
Mas o coração
Continuou o mesmo

Sem governo, sem direção
Disposto a cair
Em qualquer cilada
E ele caiu

Sofrendo
Mergulhado em mágoas
Ele tentou nadar
Naufraguei

Enquanto meu ori
Insistia em me dar caminho
Desafiei sua orientações
Me contentando com pouco
Com menos
Tudo parecia sem gosto
Sem paixão
Não havia entrega
E eu sempre quero mais

Feita nas águas
Destinada a ser mar
Não represa

Deixei me levar pelo vento
Que não cansa
Que não cessa
Mas aprendo
Um dia eu aprendo

Por enquanto
Calma, c'alma!
Respiro
Tento de novo
Ouvindo o que orixá
Tem pra me dizer

Calma, tempo!

O percurso do rio é longo
Cuidado
Afeto

Desfazer
As amarras, tempo

Desacelerar
Meu coração, tempo

Sinto
Que tudo que emerge
Em mim, é força
Não há realmente nada
Barrando meu destino
Além de mim mesma

Cuidado

Água!

terça-feira, 6 de março de 2018

domingo, 4 de março de 2018



Litrões de Brahma
Torresmo
Um ombro amigo
Consolo
Dois áudios
Não visualizados
Arrependimento

O que cura
Um coração partido?



Amores líquidos
Que entram
Pela garganta
Lubrificando
Palavras secas
Invadindo
Corações ésteres
Fertilizando
Artérias
Pra pulsar afetos
Mata a sede
Daqueles que sofrem
Durezas
Mágoas
Desertos
Sem sombra, luz
Trazendo
Pra alma
O alento
De suas águas
Límpidas
Correntes
Aprendendo
Que amar é seguir
Nutrindo corpos
Curando gente
Feito rio
Sempre em frente

sábado, 3 de março de 2018

Você não sabe
Que meus olhos
Brilham
E minhas mãos
Suam
Quando te vê?
Você não sabe
Que minha boca
Saliva
E minha boceta
Molha
Com você?
Você não sabe
Que meu corpo
Queima
E meu coração
Bate forte
Só por você?

sexta-feira, 2 de março de 2018



Escolhi amar
Apesar dos desenganos
Do corpo dolorido
Prefiro afeto
Que ter razão sobre tudo

Escolhi amar
Apesar de não ter
A mesma cor
A mesma história
A mesma classe
Prefiro ter as mãos unidas
Do que corações apartados

Escolhi amar
Apesar de estar incompleta
De ser incompreendida
Indomável
Porque amar
É sentimento
Somente
Pra ser sentido
Mais nada

terça-feira, 27 de fevereiro de 2018



Não cansa?

Tanta briga
Tanta luta
Pra quê tanto
Pranto
Não cansa?
Ter razão
Sobre tudo
Sem ter dúvidas
Não cansa?
Ser dono
Do todo
Não dividir nada
Mesmo que
Seja pouco
Não cansa?
Ser sozinho
Sem caminho
Carinho
Não cansa?
De ferro de ferro
Ser lâmina
Que corta
O inimigo
O amor
O amigo
Não cansa?


Eu me canso, sempre

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018



Fatalidade
É quando
Um raio
Cai sempre
No mesmo lugar
Ou
Quando
Uma pessoa
Quebra
Seu coração
Duas vezes



Vai passar
Uma, duas
Semanas
Até não sentir
Mais
Sua pele
Cheiro de mato
Misturado com alfazema
Vai passar
Um, dois
Três anos
Até que seus olhos
Fujam
Da minha retina
E se tornem
Uma imagem distorcida
Vai passar
Eu sei
Nem que seja
Por algumas horas
Feito temporal
Em tarde de verão
Até que não sobre
Nada de você
Em mim
Até que não fique
Mais nada
Nem lembrança boa
Ou ruim
Mas vai passar

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2018



acordei com
a melancolia
típica
da minha
lua em touro
hoje não tem sol
então
seu sorriso veio
iluminar minha memória
trazendo o gosto
da cerveja
e das conversas
jogadas fora
depois
veio a sensação
de vazio
lembrei que não
foi só papo furado
nem ponta de cigarro
que foi pro lixo
meu coração
em pedaços
sem conserto
jazz
no saco preto
com camisinhas e sonhos
não reciclados
dias assim é melhor
nem existir

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018


Foi num domingo
No meio de um panelaço
Que você me viu pela primeira vez
Disse que eu parecia de Yemanjá
Foi num domingo
Que entrei na sua casa
Você me ofereceu vinho
Perguntou se eu tinha fome
E me ofereceu um lugar pra sentar
Foi num domingo
Que conversamos sobre candomblé
Sobre nossas perdas, sonhos
Reclamou do calor
E me deu um leque de presente
Foi num domingo
Que parada na sua cozinha
Enquanto você preparava pasta
Fiquei te admirando
Mexer nas panelas, nos cabelos
Foi num domingo
Que você olhou nos meus olhos
Pedindo um beijo
Toquei pela primeira vez seu corpo
Sentido meu coração e o seu pulsar
Foi num domingo
Que sentei na sua mesa de jantar
Comi sua comida
Depois deitei na sua cama
E desejei nunca mais sair de lá
Foi num domingo
Que se prolongou até a segunda
Durando um ano inteiro
Entre idas e vindas
Sonhos e desilusões
Começo e meio
Sem final feliz




Março, 2015.

O som do seu violão
Rasgando minha pele
Feito mormaço
Seu braço
Ainda pesa sobre minhas costas
Sinto o cheiro do cigarro
Pela sala, quarto
Seu cheiro
Impregnado nos lençóis
Que cilada
Ter te encontrado, assim
Do nada
E ter feito dos meus dias
Todos seus
Ser tua mulher
Amiga, amante
Desejando somente
Meia hora
Ou um instante
Seu corpo junto ao meu
Morar na sua boca
Feito cigarro de maconha
Te fazer viajar
Esquecer do trabalho
Da sua família
Esquecer de tudo
E ser seu tudo
Era só o que queria
Por tantas vezes
Larguei meus problemas
Meus compromissos
Contas pra pagar
E fui correndo te ver
Desejo
Saudade
Da sua voz de sereia
Me pedindo café e pão
Eu era o próprio vento
Alastrando brasa
Cheia de paixão
Esbarrava nas pessoas pela rua
Torcia o pé nos buracos
De São Vicente e sorria
Admirando a lua
Por tantas vezes
Esqueci da vida
Pra me largar
Na sua sala
Beber seu café amargo
E te amar na sua cama
Ofegante, faminta
Meu coração
Feito escola de samba
Só a espera da sua harmonia
Por tantas vezes
Larguei meus problemas
Esqueci da vida
Me entreguei inteira
Só pra viver
Aquele momento
Só pra viver
Um sonho
Só pra ser
Tua preta
Será possível
O amor sobreviver
No mar revolto
Das emoções
Seguir em frente
Apesar de
Tantos temporais
Será possível
Um corpo
Comportar outro
Não fazer dele cais
Somente abraçar
Suas fraquezas
Suas marcas
Fazer desse momento
Encontro de almas
Será possível
Viver sem tormentas
Longe das armadilhas
De possuir
De dominar
Será possível
Viver uma paixão
E se dar cada segundo
Amar cada minuto
Sem querer guerra
E ter no coração
Somente
A deliciosa festa
Regada a poesia e música
Será então
Utopia
Esperar que haja
No mundo uma sintonia
Que permita encontrar
Alguém que queria
Dividir
Quarto, banho e comida
Não pra querer
Roubar minha paz
Mas pra trazer
Em minha vida
Sons de rios, mar
Brisa entrando pela janela
Será possível?

terça-feira, 20 de fevereiro de 2018



escrever
sobre tudo
que digo
e você
não quer ouvir

escrever
sobre tudo
que não digo
e que você
insiste
em não ler

Verto mágoas
Pelas ruas
De Santos
Seco
Minhas lágrimas
Chove em mim
Molhando meu corpo
Anoiteço
E a cidade me devora
Me mastiga
Cospe fora
Verto mágoas
Pelas ruas
De Santos
Sou órfã
Sou a amante abandonada
Mulher
Sem rosto
Sem carinho
Essa cidade
Me bebe
Me fode
Me ignora
Até que eu fique seca
Até que eu me perca
Por seus canais

domingo, 18 de fevereiro de 2018

Acordar
Ver seu rosto na parede
Pedir um beijo
Um abraço
Sonho ou não?
Coração apertado, de novo
Penso nas palavras que não disse
Garganta até fecha
Querendo gritar
Melhor não
Deixa pra lá
Melhor esquecer
Mandar se fuder
Silêncio
Tem que levantar, Ornella
A vida te chama
Tem que dar comida pra gata
Limpar o banheiro
Por roupa no varal
A vida não espera
Mas primeiro
Lave o rosto e vá bater paó
Faça sua prece
A Oxum e Oxalá
Peça Ago
Pelos seus desalinhos
Peça Ago
E siga em frente
Sendo
Água e vento
Esqueça as poesias
Cartas não enviadas
E os telefonemas
Que não dei
Esqueça também
As palavras que não disse
Olhares desviados
Ou quando
Não toquei suas mãos
Esqueça
Se não te abracei com força
Se recusei teu beijo
Se fui embora
Quando me pediu pra ficar
Esqueça tudo
E faça do agora
Todos os momentos
Perdidos
Todas os versos
Não escritos
Agora, digo
Que te amo

sábado, 17 de fevereiro de 2018

A chuva caindo
Soa como lamento
No telhado
Ao meu lado
O café esfria
Enquanto me perco
Olhando sua foto
Impressa na retina
Queria esquecer
Lágrimas brotam
Do meu peito
Escorrendo pelo seio
Que você tanto admira
Vou me diluindo
Querendo morar no seu dia
Ser seu sol
Sua guia
Luz no seu olhar
Sua indiferença, punhal
Corta minha pele
Fere, sem curar
Meu coração é céu cinzento
Nem parece carnaval
Nem parece amor
Onde tudo é permitido
Menos chorar


Das profundezas

Queria verter
As palavras
Afundadas
No meu peito
Fazer
Com que as dores
Ancoradas
Seguissem um rumo
Deixando
Meu coração
Mais leve
Menos duro
Hoje
Nenhuma
Palavra
Suporta
O vazio
Do meu
Coração

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2018



Sobre plagiadores

Podem copiar
Mas nunca serão
Carne dura
Coração mole
Peito aberto
Tempestade
Pode colar
Mas não ficarão
Pele preta
Cabeça aberta
Quente
Como vento de Oya
Pode desejar
Mas nunca terão
Brilho de ouro
Peso
Só as escolhidas
São coroas por ela
Oxum no sangue
Oxalá, meu rei
Só existe um caminho
Uma estrada
Só existe
Uma Ornella
Filha de Ondina e Orlando

Fique alerta!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018



Ainda sentia na pele
O calor do seu abraço
Era tarde da noite
Não havia outro caminho
Além dos trilhos do VLT
Cheio de craqueiros
Ou a ponte dos Barreiros
E seus bêbados
Sigo com fé
Coração longe
Lembrando do quanto
Tenho sorte
Ogum vai na frente, sempre
No meu peito
Sinto o peso do seu corpo
Ainda quente
Forte
Na boca
Gosto de pó e cerveja
Doce, amargo
Mistura explosiva
De tesão e ódio
Segue meus pensamentos
Cruzando
A praça da Santa
Perdida, inquieta
Peço mais um vez
Não solta a minha mão
Outro beijo
Um abraço
Será que existe amanhã
Pra nós?

Não teve..
Fiz da cidade
Meu corpo
Nela
Entreguei meus desejos
Minhas vontades
Beijei a boca dos homens
Como se fosse
Seu asfalto
Senti suas valas
Correndo
Nas minhas veias
Como sêmen
Do homem amado
Fiz da cidade
Minha religião
Despachei meus ebós
Feitos de amor e fé
Rodei por suas ruas
Em busca de abraços
De laços
Não tenho paradeiro
Nem governo
Fiz da cidade
Minha poesia
Deitei na cama
Dos infiéis
Bebi seu sangue, sua saliva
Derramei sobre lençóis
Minha alma
Minhas lágrimas
Transformei toda dor
De amor
Em frases sem sentido
Cantei para estranhos
Baladas secretas
Fiz da cidade
Meu tudo, meu nada
E por viver nela
Assim, tão descuidada
Me sinto estuprada
Por aqueles
Que não souberam me amar
Segue meu lamento
Segue meu coração
Destroçado
Como os jardins da praia
Abandonados
Na solidão

terça-feira, 13 de fevereiro de 2018



não me preocupa
amor
quem passa
pelo seu corpo
pede ou recebe
seus beijos
que você dá
por fome ou paixão
me importa de verdade
amor
se não é minha
lembrança
que vagueia
na sua retina
se não moro
nos seus sonhos
se se sou
que habita e faz bater
seu coração


2018.


A chuva que bate
Fazendo som de lamento
No telhado
O café esfria ao meu lado
Enquanto olho sua foto
No celular
Lágrimas brotam
Do meu peito
Escorrendo pelo seio
Que você tanto admira
Vou me diluindo
Querendo morar no seu dia
Ser seu sol, sua guia
Luz no seu olhar
Mas a mensagem
Que ainda não foi respondida
Dói na minha carne
Com sua indiferença, punhal
Nem parece carnaval
Nem parece amor
Onde tudo é permitido
Menos chorar


2018.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2018



Quantas coisas deixei
Pelo caminho
Por causa de minhas dores
Livros que parei de ler
No primeiro capítulo
Planos que deixei
Como rascunhos
Amores que larguei
Com medo da rejeição
Tenho dificuldade de aceitar
Os obstáculos
As pedras que surgem
No percurso do rio
Cansam, esgotam
Então deixo a razão
Me levar
Talvez seja esse meu destino
Talvez seja a minha lição
Ser filha das águas
Mas confesso ser tão árduo
Difícil carregar
O peso do mundo
Tendo um coração
Tão imenso
Tão líquido
Como um mar aberto


2018.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2018



No tempo
Em que tudo era
Certeza
Caminho aberto
Entre ferro e ouro
Tudo tinha gosto
De mel e dendê
Ela andava altiva
Com fé


No tempo
Em que tudo era
Certeza
Suas mãos
Abraçavam o mundo
Não havia lugar
Pra choro, nem tristeza

No tempo
Em que tudo era
Certeza
Sua voz vibrava
A coragem era seu nome
Não havia medo
Em seu olhar

No tempo
Em que tudo era
Certeza
Ela ignorou sua essência
Se jogou no abismo
Nunca mais foi a mesma...

quarta-feira, 24 de janeiro de 2018



De todos que entraram
No meu coração
Você foi o único
Que chegou
Sem pedir nada
E partiu
Sem deixar mágoa


Você com seu sorriso doce
Olhar de menino
Um jeito de falar
Tão tímido
Por trás de uma
Máscara de durão
Derrubou
Todas as minhas defesas
Me fez ir pro céu
Tantas vezes
Que não queria te deixar
Partir
Mas foi...

Hoje eu sei
Que seu coração
Devia tá machucado
Sei também
Que não conseguiria curá-lo
Mas você me salvou
De mim
Da fome que brotava
Em meu corpo
E cada encontro tinha
Um gosto de quero mais

Minha vontade
Era de começar esse poema
Com seu nome
E terminar dizendo
Que você não foi pouco
Foi o suficiente
Pra que eu fizesse
Tantos poemas
Pra eu nunca mais
Te esquecer

sábado, 13 de janeiro de 2018



Beijou a minha boca

Como se fosse a última

Puxou os meus cabelos

Como se fosse naufrágo

Tocou no meu corpo

Como se fosse cego

Fez juras de amor

Como se fosse crédulo

E olhou nos meus olhos

Como se eu fosse a única


Dois corpos

Sedentos

Se devorando

Tao porfunfamente

Como de quisessem

Engolir o outro

Dois corpos

Transbordando

Suor e gozo

Salivas e lágrima

De outros dias

Sobre outros amores

Dois corpos fartos

Das lutas e cortes

Querendo apenas

Ter a sorte

De paixões infinitas

De olhares

Arrebatadores

E eles se completam

Se fundem

Se fodem

Se amam

Até que não haja mais

Tempo

Até que não sintam mais

Medo

Sendo água

Sendo açude

Sendo alento

quarta-feira, 10 de janeiro de 2018



Então você voltou

E não encontrou

Quem deixou

Pra trás

Chegou cheio

De vontades

Querendo um passado

Que não volta mais

Sem chão

Sem lar

Sem lugar

Resta somente

As lembranças

Boas, ruins

Cada verso rasgado

Do meu peito

Ainda

Dormente

Quente

Imploro

Não me olhe

Assim

Não me pega

Na minha mão

Não promete nada

Que não possa cumprir

Volte pro lugar

Pra aquela mulher

Que você disse amar

Me deixe aqui

Em paz

terça-feira, 9 de janeiro de 2018



Poesia
A gente sente
Como o sabor
Do vinho
Perfume
No corpo
Barulho
De chuva
Poesia é lembrança


Poesia
Se sente
Como desejo
Vontades
Não se explica
Simplesmente
Acontece
Como
Um sorriso
Uma lágrima
Um adeus
Poesia é saudade

Poesia é tudo
Corpo todo
Dos pés
Ao coração
Pulsando
Não é pra entender
Porque existem coisas
Só pra serem
Sentidas

E ponto






Outubro, 2016.
disse
que
a
noite
ia
ser
foda
mas

fodeu
minha
mente



outubro, 2015.

A fábula do pássaro Na gaiola Nunca foi nosso caso Nesse caso Coube mais Aquele dito popular Da abelha Num jardim florido Não tá ma...