segunda-feira, 30 de outubro de 2017



Essa cidade
De víboras
Com seu
Veneno
Falso
Dissimulado
Hipócrita
Cidade
Que trás dor
Ressentimentos
Nas suas sarjetas
Só vejo
Os ratos
Passeando
Querendo meu sangue
Os urubus
Buscando minha
Carniça
Mas eu não deito
Se vocês querem
Meu fim
Que seja somente
Depois de vossas cabeças
No chão!

terça-feira, 24 de outubro de 2017


Sobre os vários nãos

Não é que uma hora cansa
Não, não é isso
Todos os dias são cansativos
E chega um dia
Que o peso se torna insuportável
Não sou uma fortaleza, sabe?
Não sou forte e poderosa
Nem invencível
Sou humana
Erro muito mais que acerto
Não fiz santo a toa
Deitei pra orixá pra ter governo
Pra trabalhar minha fé
Ter caminho e paz
Mas os nãos são maiores
E aprendi isso
Aliás
Acho que entendo bastante do assunto
Não sou bem vinda
Não sou correspondia
Não sou normativa
Não sigo cartilhas
Redundante dizer
Que não sou o que deseja
O que você espera
Não sou nada
E se me enxergasse assim
Poderia ter sido mais
Poderia sentido mais
Poderia
Das certezas que tenho
É que construí minhas verdades
Incorruptíveis
Indissolúveis
Talvez seja meu não interno
A dureza de ser água abundante
E sentir-se represada
Dói demais querer existir
Num mundo tão quadrado
Tão certinho
Tão perfeito
Dentro de suas caixas
Dentro de desejos contidos
De pessoas rasas
Mereço a profundeza
Eu busco o abismo
Porque nele
Não há certeza de nada
E já que também sou nada
Deve ser bonito simplesmente
Se entregar e cair


Domingo é foda!
Tinha nos olhos
O som do agogô
Um samba
De Paulinho da Viola
Por muito tempo
Minha trilha sonora
Era seu baixo
E o piano de cauda
Esquecido na sala
Faz falta
Aqueles cabelos negros
Escorrendo nos ombros
Aquela tatuagem
Estrategicamente feita
Pra me seduzir
Escorpiano
Com uma língua
De fogo
Que fazia minha boceta
Inundar
De desejo
Malemolência, cadência
Coisa de Ogã, né?
Faz falta
Comer aquela comida
Cheia de alho e azeite
Beber num gole
Uma pinga mineira
Fumar toda Mary
Que der conta
Pra fugir do pó
Não é fácil
Ouvir samba enredo
E não lembrar
Suas guias azuis
Penduradas no São Jorge
Foder pela sua casa
Ouvindo Baden Powell
Viver como num suspiro
Depois do gozo
Mas pode deixar
Neguinho
Que eu sobrevivo
Teu vício já cursei
Em outros corpos
Mas de vez enquando
Ouço nossa canção e lembro
Faz tempo
Que a expressão
"Minha preta"
Não faz mais sentido
Soa triste
Dolorido
Prefiro ser a rainha
Que você tanto cantava
Mas que nunca deu
Coroa e nem seu coração



segunda-feira, 16 de outubro de 2017

os dias passam
feito nuvens de chuva
não consigo esquecer
nossa noite
teu rosto desenhado
na minha retina

cada gemido
cada mordida
intensidade
da nossa paixão

seu corpo
é meu vicio
carreira de pó
ponta da ganja
lambo, chupo
até o final

sem medida
sem pausa
sem folego

gosto assim, entregue
de quatro
me pendido
me come, me fode
lindo
pleno
como os versos
que fiz na sua parede
com batom rosa

quero denovo
insaciavel
ansiosa
deixando rastros
no seu lençol
pra você não esquecer
que eu gozei
muito
até sucumbir
explodir na sua boca

desculpa, foi mal
não te telefonei
mas to aqui
escrevendo esses versos
e querendo
esperando
sempre
você

A fábula do pássaro Na gaiola Nunca foi nosso caso Nesse caso Coube mais Aquele dito popular Da abelha Num jardim florido Não tá ma...