domingo, 6 de dezembro de 2009

Hip-hop mulher

Movimento do gueto
Movimento do povo
Microfone na mão
Na voz, a luta!

Sou guerreira, sou poeta!
Sou a voz da periferia...
Minha canção traz a dor
Melodia da minha agonia...

Mulher negra canta rap, sim senhor!
Não ta na senzala
Não ta na cozinha
Batalha por liberdade
Igualdade...
Não espera do homem piedade...

Quero o que me foi negado!
Meu espaço nesse mundo de homens...
Branco
Negro
Machista!
Soltar minha voz
Gritar por respeito, dignidade!


Ornella Maria Rodrigues
06-12-09

terça-feira, 24 de novembro de 2009

"Sou negra"

Negros olhos...
Negros cabelos...
Pele negra...

Vinda de África
De ancestrais guerreiros...
Trazidos em navios negreiros
Carrego no coração as marcas do cativeiro...

Protegida pelos orixás
Entidades de força e coragem
Oxum, Yansã e Yemanjá...
Sou chuva, sou vento, tempestade...

Forjada pra seguir na luta...
Guerreira!
Não fujo da batalha...

Minha cor não nega...
Sou negra!


Ornella M. Rodrigues
23-11-09

terça-feira, 17 de novembro de 2009

“Águas de sentimento”

Chegaste como chuva
Nascente do meu ser...
E o sertão de mim, que era calmaria,
Num instante virou enchente...
Sorvo em abundância
Goles de tua fonte...
Transbordando dentro de mim
O deserto que só suas águas preenche...

18-09-2009

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Fábula da Borboleta

Ouvi certa vez uma estória...
Não sei se é verdade ou mentira
Só sei que metade é verdade
Já a outra, pode ser mentira...

Um homem vagava sozinho pelo mundo...
Andando pelas estradas, sem destino...
Encontrou uma borboleta a voar...
Borboletando sonhos pelo caminho...

Enquanto beijava as flores e bebia sua seiva
Gozando a liberdade que lhe assistia...
Achava que a felicidade era ser bela...
E que na vida nada mais havia...

E nos seus sonhos de vaidade
O céu era seu único companheiro
Então passeava por ele...
Sem ninguém a seguir seu paradeiro...

O homem encantado com sua beleza
Tentou, num impulso, pegá-la...
A borboleta assustada voou...
Com medo de ser aprisionada...

Triste, o homem ficou a se lamentar...
Pois sua intenção não era machucá-la...
E arrependido do que fez
Saiu pelo mundo a procurá-la...

Só que o homem não sabia
Que a borboleta não tinha rumo certo...
O céu era seu companheiro...
Portanto seu destino era incerto...

Então, percorreu todo o mundo...
Mas não encontrou a borboleta...
Achou mariposas e libélulas
Que não tinham a mesma delicadeza...

Por fim, quando cansou da sua busca...
Olhou para o céu, azul infinito...
Entendeu que quem ama a liberdade
Encontra na vida o que há de mais bonito...

Ornella Rodrigues

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

"Orlando"

Nome do pai dado ao filho
Homem de força e coragem...
Olhos verdes de mar profundo...
Imenso e infinito, revelam seu coração...
Construiu sua casa em solo de areia
E sua família com braços de ferro
Fez de mim, filha de ondas esmeralda...
Batizou-me Ornella
Flor de Itália...
Batizou-me Maria
Rainha em seu ninho...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

orgia

Quero fazer bolinhos de chuva
E filosofar sobre o nada
Andar nua pela sua casa
E trepar o dia inteiro...
Falar da vida
Dançar salsa, sem saber dançar
Comer o que você cozinhar
E trepar o dia inteiro...
Fazer massagem no seu corpo
Criticar todo mundo
Chapar e colocar fogo em tudo
E trepar o dia inteiro...

"Marília"

Um dia retorno a Marilia
Receba-me alegre, pois volto!
De volta busco seus carinhos...
Que entre sorrisos e gozos
Acolhe, tranqüila, meus sonhos...
Dias de sol, céu azulado...
De noite o céu estrelado
O vento frio corta a pele...
Me afaga o calor, sempre humano...
Domingo é triste...
Chove incessante a chorar...
Doce é o abraço, amarga a partida...
Um dia retorno a Marilia
Receba-me alegre, pois volto!



18-09-09
Ornella Maria Rodrigues

segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Ídolo

Venero teu corpo
Homem de paixões...

Venero tua boca
Homem de palavras...

Venero tuas pernas
Homem de coragem...

Venero tuas mãos
Homem de trabalho...

Venero teus cabelos brancos
Homem de sabedoria...

Venero teus olhos
Homem de minh’alma...


21-08-09
Ornella Maria Rodrigues

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

"Apenas"

Ao contrário de ti...
Ele tem meu coração e meu corpo
E mesmo que ele não queira
Eu serei apenas um costume...

Ao contrario de ti...
Ele acaricia meus seios e pernas
E mesmo que ele não queira
Eu serei apenas uma fuga...

Ao contrário de ti...
Ele beija meus lábios com fervor
E mesmo que ele não queira
Eu serei apenas mais um desejo...

Ao contrário de ti...
Ele contempla minhas carnes e aperta
E mesmo que ele não queira
Eu serei apenas uma conhecida...

Ao contrário de ti...
Ele toma meu corpo com malícia, sem pudor!
E mesmo que ele não queria
Eu serei aquela que o ama...

Ornella Maria Rodrigues

quinta-feira, 16 de julho de 2009

delírio


Hoje acordei libidinosa...
Erótica...
Quente...
Sonhei que tu estavas aqui
Cheio de desejos e quereres
Tomado pela paixão e desejo...
Ah... Que doce devaneio!
Sentia teu hálito quente e fresco...
... Do seu rosto escorria o suor
Na pele, fogo em brasa...
...Seu corpo latejava de tanto prazer
A respiração cada vez mais ofegante
...Mãos percorriam meu corpo...
Ai... Que vontade de ser tua!
Despertar o desejo de ser...
De querer...
De sentir...
De tornar real o que foi um sonho...
Querer-te entre minhas pernas
Dentro de mim por inteiro...
E no meu doce e quente cativeiro
Confortar-me em seu peito
Sentindo o pulsar do seu coração...

instintos

Da natureza e seus instintos...
Procuro saber o inexplicável
Porque retornas sempre a fonte
Dos prazeres imensuráveis?
Homens de muita, ou pouca,
Fé em suas mulheres
Em busca da perdição
Talvez não sejam encontrados...
Acham em mim - doce e profana tentação
A maçã que a Eva entregou a Adão
Mistérios nunca dantes revelados...

terça-feira, 7 de julho de 2009

orvalhada

Se entregue ao feitiço
Lançado em meu perfume...
Aroma de flores: rosa e jasmim...
Exalado pelos meus poros
A inebriar todo o ar...

Homem beija-flor
Toma minha flor entre seus lábios...
Orvalhada de tanto prazer
A espera do imenso gozo...
Beije-a! Até tirar-lhe o néctar...

Escreva este poema em meu corpo
Usando como caneta e tinta sua língua...
Ponto a ponto...
Cada pétala do meu ser...
Como a querer desvendar meus encantos...

sexta-feira, 12 de junho de 2009

"Eu..."

Eu sou
Eu sinto
Eu morro
Eu vivo

Eu sei
Eu esqueço
Eu apareço
Eu insisto

Eu vejo
Eu desejo
Eu atraio
Eu cativo

Eu ardo
Eu suspiro
Eu beijo
Eu instinto

Eu entrego
Eu espero
Eu reclamo
Eu...
Eu...

"Poeta Pessoa de Melo"

Ornella...

Quando arrepia....
Aí não tem escapatória somos presas faceis...
Minha nossa... Que intensidade...

Eu...
Como macho em plena dança do acasalamento...
Percebo-me tão vulnerável por tuas palavras...
Como se fossem ditas em meu ouvido...
Como se distraíssem a minha mente para um bote...

Dessa forma és um sonho...
Existe mulher assim?
Se há, que ela não passe por mim...
Não quero coexistir...

Eu te proponho que não passe por mim assim...
Pois sou homem, sou macho e você fêmea...
E nada mais importaria!

Obrigado pela inspiração!!!!

Pessoa de Melo.

quinta-feira, 11 de junho de 2009

"Borboletando o (a)mar"

Em vôo desconforme.
Borboleta vai pro mar.
Voa sem saber,
que rumo deve tomar.

Vai beliscando as ondas.
Brincando de se entregar.
Não sabe o risco que corre.
Borboleta não sabe nadar!

Até que um dia...
Como que encantada.
Tentou ir mais fundo.
Morreu afogada.
"Pensei ter ouvi-la falar de amor."

Pessoa de Melo

sábado, 6 de junho de 2009

"Vozes Femininas"

Para o observador desavisado, a impressão é a de que no Brasil de nossos dias, apenas um nome de mulher se impõe entre os grandes poetas, o de Cecília Meireles. Na verdade, ultimamente, a crítica brasileira tem esquecido injustamente muitos valores expressivos da nossa poesia feminina.
Ainda agora, ao lançar, inteiramente refundida, a terceira edição de “Os Mais Belos Sonetos que o Amor Inspirou”, volume I, poesia brasileira, contendo quatrocentos sonetos de todos os tempos e escolas, relendo suas provas comprovei essa realidade, diante de peças líricas da maior beleza e emoção, assinadas por nossas poetisas. E figuram no volume, entre outras, mais antigas, ou mais recentes: Amélia Tomás, Ana Amélia, Beatrix dos Reis Carvalho, Benedita de Melo, Carmem Cinira, Colombina (Ylde Schloembach), Corina Rebuá, Cíntia Castelo Branco, Francisca Júlia, Heli Menegali, Gilka Machado, Henriqueta Lisboa, Ilka Sanches, Itacy de Souza Teles, Lilinha Fernandes, Maria Eugênia Celso, Maria José Giglio, Maria José Aranha de Resende, Maria Sabina, Maria Teresa de Andrade Cunha, Nísia Nóbrega, Seleneh de Medeiros, Vivência Jambo da Costa, Vicentina de Carvalho, e mais algumas, todo um grupo de nomes, no mesmo plano em que se encontram nossos melhores poetas.
Nas exíguas proporções de nossa crônica, gostaríamos de destacar quatro vozes líricas, de diapasões diferentes, inexplicavelmente silenciadas ou desconhecidas do grande público. Uma, já desaparecida; três delas, ainda em nosso convívio, muito embora seus cantos se percam na azoada vida contemporânea, onde música e ruído se confundem, onde poesia e charada se identificam.
Quem se lembra de Carmem Cinira? Carioca, falecida com menos de trinta anos, em 1933, seus versos eram publicados por jornais e revistas na última década de sua vida. De uma poesia simples, comunicativa, encontrou no soneto uma de suas formas preferidas de expressão. Selecionei de Carmem Cinira três sonetos para a antologia, um deles, realmente antológico, copiado nos cadernos de poesia, obrigatoriamente incluído em qualquer seleção no gênero. É o intitulado.

INCANSÁVEL
Velho sonho de amor que me fascina,
causa das mágoas que me têm pungido
e que, entanto, conservo na retina
como a fonte de um bem inatingido...

Flana velada, cântico em surdina
de uma alma triste, um coração ferido,
nem pode haver linguagem que defina
o que eu tenho, em silêncio padecido!

Mas, ainda que mal recompensado
meu amor há de sempre desculpar-te
humilde, carinhoso, devotado...

Bendito seja o dia em que te vi,
pois não há maior glória do que amar-te
nem melhor gozo que sofrer por ti!


Citemos agora o nome de uma das maiores poetisas brasileiras de todos os tempos: Gilka Machado. De uma poesia sensorial, de ritmos quentes, pletórica de imagens, Gilka dá continuidade à melhor tradição de nossa sensibilidade e de nossa etnia. Permanece entretanto em silêncio, um injustificado silêncio que nos priva de seus versos tão cheios de belezas. E aqui fica uma pergunta aos nossos editores: porque não reeditar a obra de Gilka Machado, ou pelo menos um volume de suas poesias escolhidas?
Certos antolhos críticos, estreitas convenções estéticas vêm sufocando o que de melhor existe em nossas letras. Gilka Machado é uma vítima dessa “segregação”. Vou escolher ao acaso, um dos quatro sonetos que incluí na antologia:

SONÊTO
Sob o céu, sobre o mar, dentre um profundo
silêncio de ermo, em meio às rochas nuas,
aninhamos na noite, como duas
aves, ébrios de nós, longe do mundo.

Em teus olhos de treva ardiam luas;
errava um cheiro, não sei onde oriundo;
e minhas mãos, de tuas mãos no fundo,
tinham desejos de morrer nas tuas.

Sangrando luz, pendida a trança flava,
uma estrela do além se despenhava...
? Sorriste olhando-a, entristeci-me ao vê-la...

Com a alma em fogo, pela noite fria,
em vertigens de amor eu me sentia
rolar no abismo como aquela estrela.


Destaquemos em seguida, aquela que poderíamos chamar de a nossa Virginia Vitorino: Benedita de Melo. Exímia sonetista, com um verso musical, tal como a grande poetisa portuguesa, Benedita de Melo possui apenas um livro publicado: “Luz da Minha Vida”. E é realmente a sua luz, pois a poetisa cega encontra na poesia seu iluminado mundo interior. Sua lírica vem valorizada pela capacidade de fixar conflitos psicológicos e situações do cotidiano. Um dos mais belos momentos de inspiração é este

VERGONHA
- “Menina!” Disse alguém, no grande instante
em que era dividido em dois um ser...
E essa palavra, pelo mundo avante,
foi meu santo orgulho de viver...

Ser menina. Ser moça. Ser constante.
Ser caráter. Ser honra. Ser dever.
Por mais tropeços que encontrasse adiante
nunca me entristeci de ser mulher.

Mas veio o Amor. Veio a traição ferina
e todo o orgulho meu de ser menina,
roubou-o a sorte, malfadada e crua;

e veio a dor, e veio a mágoa, o tédio,
e a vergonha escaldante e sem remédio
de ter sido mulher para ser tua.


Finalmente, uma outra poetisa de que poucos terão ouvido falar. E a razão é a mesma: possui também apenas um livro publicado. Uma coleção de poemas e sonetos líricos: “Primavera, Escuta...”
Conhecia-a há anos, muito mocinha, em Friburgo. Sei que se casou, que reside em São Paulo, que é uma dona-de-casa feliz, às voltas com todos os problemas rotineiros de um lar. Telefonou-me faz algum tempo, quando lancei a primeira edição da antologia, para agradecer-me o fato de “tê-la incluído entre tantos poetas consagrados”. Mas não fiz favor. Maria Teresa de Andrade Cunha, este o seu nome de solteira, o seu nome literário, disse-me também que não tem mais tempo para a poesia. Não acredito. Estou certo de que apenas recolhe o canto, até nova surpresa. É uma poetisa como as demais, neo-romântica, de expressão moderna. Se poesia é emoção e simplicidade, Maria Teresa faz poesia, e da mais pura. Vamos ouvi-la, numa homenagem à sua arte e à de Friburgo daquele tempo, com o seu soneto:

QUERIA QUE CHEGASSES
Festiva, em frente, se ergue a serrania
tocada de um dourado cambiante;
queria que chegasses neste instante;
nem sabes como está bonito o dia!

Anda no ar transparente uma alegria
uma alegria imensa, delirante...
Como está perto o azul do céu distante!
Que perfume e que luz, na tarde fria!

Queria que chegasses de surpresa.
É tão maravilhosa a natureza,
juncando esse caminho, há tanta flor!

...Sairíamos juntos, devagar...
Sem destino, sem pressa de voltar
de mãos dadas, felizes, meu amor!



( Crônicas de JG de Araujo Jorge extraído do livro
" No Mundo da Poesia " Edição do Autor -1969 )

domingo, 31 de maio de 2009

"Proposta"


Proponho que eu seja sua amiga
E ouça o que te angustia...

Proponho que eu seja sua amante
E me entregue com paixão...

Proponho que eu seja sua escrava
E sirva somente aos seus caprichos..


Proponho que eu seja sua gueixa
E massageie seu corpo cansado...

Proponho que eu seja sua puta
E tu se deleite com minha malícia...

Proponho mais...
Que eu seja sua fêmea!
Entregue-se a mim, não resista...

"Explícito"

Te olho
me molho
Te vejo
desejo

"Insana"


Doida...
Sou eu a querer possuir-te
Mesmo sabendo que não sou a única
Aguardo o momento que tu me verás nua...

Louca...
Fico quando tu chegas mais perto
Imagino como seriam nossos corpos
Pelo prazer, unidos e consumidos...

Insana...
Desejo-te como a nenhum outro
Ansiosa por desvendar seus segredos
Quase a enlouquecer de tanta paixão e desejo...

sexta-feira, 29 de maio de 2009

Porquês

Porque não resisto a você
não te deixo partir?
Porque fico a sua espera
sabendo que você não vem?
Porque guardo em mim este sentimento
se não posso demonstrá-lo?
Porque mendigo sua atenção
você nota minha presença?
Sentimentos confusos...
Palavras não ditas...
Coração em pedaços...
Os porquês rondam meus pensamentos
Me fazem pensar no que foi...
No que poderia ter sido...
Então encaro a realidade!
O seu corpo não será mais meu...
E seu coração, nunca foi...

quarta-feira, 27 de maio de 2009

Homem-Pássaro

Tu és como um pássaro
Um pequeno e belo beija-flor
Voando ligeiro, sempre gracioso
Buscando néctar de flor em flor...

Tu és como um canário
Que canta e me encanta...
Melodiando versos cantados
Com sua voz forte e sedutora...

Tu és como um falcão
Com asas prontas para o vôo...
Caçador em busca de mais uma presa
Espírito livre de rara beleza...

E enquanto voa sem destino
Aventurando-se numa nova jornada
Lembra-te que quando pousar
Encontrará em mim sua morada...

quinta-feira, 21 de maio de 2009

Inspiração


Ah! Como tocar-te eu queria.
Sentir o arrepiar da sua pele,
A trêmula carne a sinalizar seus voluptuosos desejos.
Carnuda boca,
Línguas e beijos.
Ah! Como eu gostaria de ver-te nua,
A brilhar no meu céu como a lua.
Cheia de vontades e sentimentos latentes.
Transcrever-te em pura palavra,
Imaculados versos.
Num poema escrito em minha própria carne.
Versos dos versos,
Poema da criação,
Verdade construída materializada em Mulher.
Inicio e fim,
Por do sol e aurora.
Suprema presença,
Ausência que me atordoa.

("Desejosos Versos", by Carlos Venttura)

domingo, 17 de maio de 2009

"Voyer"


Vejo seus olhos e imagino o que eles olham...
Leio sua boca tentando traduzir o que ela diz...
Olho suas mãos e penso em como é senti-las...
Teu corpo em movimento é o meu desejo!
No que será que esta pensando?
O que estará sentindo seu coração?
Que alegrias te fazem sorrir?
Ah... Queria ser uma borboleta e te visitar!
Adentrar seu quarto 
tocar seus lábios...
Invadir seus sonhos, 
sonhá-los contigo...
Sorver a maravilha do seu ser
Espiar a beleza que vêm de ti...

sábado, 16 de maio de 2009

"A outra"

Não me importo em ser sua amante
Não me importa que eu seja a outra
Desejo-te sôfrega de prazer e delirante
Esta boca que te beija, não beijará outra...
Que me importa minha reputação
O que os outros falarão de mim
Quero sentir no meu corpo esta paixão
Navegar neste prazer sem fim...
Que esse ardor, que me devora a alma...
Consuma também esta paixão pura e vadia
Que em seus braços eu encontre a calma
E no seu corpo eu me sinta viva...

sexta-feira, 15 de maio de 2009

"Inspiração"


"... O que procuras com olhar atento? Um horizonte de me parece tão próximo apesar de ser um olhar distante? Pois seus detalhes me mostram Você numa plenitude. Onde tudo é único, Intrigante. Mágico, Excitante. Seus olhos percorrem o objeto de seu desejo, Como quem deseja muito mais que uma imagem. Queres sentir uma gostosa sensação como a de um beijo. Desejos que demonstram seus olhos de mar. Largo e profundo olhar. Que me intriga, Instiga. A questionar meu querer. O prazer de ver você, Imagem que me leva a divagar. Algo inigualável, Um sabor que mistura sabores. Sua boca e seu olhar me lavam a uma percepção em uma outra dimensão, Mágica, Bela, Deusa. Imagem acesa. Pura emoção. Irradiando a profunda beleza que te circunda. Onde EU Poeta adentro, Por um momento com palavras, Para encontrar o Homem que se perdeu ao admira-la. Labirinto de poder, Isso é você. Onde minhas palavras são apenas Palavras. Perdidas na sua imensidão.
("Infinitamente Mulher", by Carlos Venttura)

quinta-feira, 14 de maio de 2009


O que te surpreende em mim?
Mostro o que você não enxerga
Escondo e você nunca acha...
O que te atrai em mim
E desperta em ti o desejo?
Minha boca de mulher faminta
Minha vida de mulher perdida
Serão meus olhos de mar?
Serão os poemas que fiz pra ti?
Ah... Duvido!
Uso sempre as mesmas palavras:
Tesão, paixão, prazer, amor...
Soam tão repetitivas...
Acho que sou o que tu merece
Trato-te do jeito que tu gosta!
Finjo ser aquilo que não sou
Uso as máscaras que te dão prazer
Claro, aquela que me convém...
Mesmo caindo num falso clichê
De total e profundo mau gosto
Caio na mesmice de ser comum!

sábado, 2 de maio de 2009

lembrança de Iá


Penso em ti todas as noites...
Lembro do seu rosto a cada momento
Tento em vão distrair meu pensamento
Mas meu desejo comanda minha mente...

Tu és um amante sem igual, eu reconheço!
Toma meu corpo sem pudor , o desbrava por inteiro
Alegra-me com teu jeito de menino e palavras travessas
Fascina-me com seu sorriso e olhar faceiro...

Sonhar contigo já é mais que um costume...
Até acordada me encontro em seus braços
Fico em silêncio esperando ouvir seus passos
Suspiro quando sinto o aroma do seu perfume...

Temo, porém, que meus sonhos sejam em vão...
E que seu corpo quente já não mais terei
Ficarei aqui a viver de recordações
Lembrando de sua boca que um dia beijei...

sexta-feira, 1 de maio de 2009

"Promessa"


A noite caí com a promessa
Que um dia tu viria sem pressa
Após uma longa e cansativa jornada
Se aconchegar em minha morada...

Moço bonito, rodeado por anjos
Quem sabe ele mesmo seja um arcanjo
Com olhos meigos em desencanto
Cansados, talvez, de tanto pranto...

Eu aqui, ansiosa ainda te espero...
Já encomendei as chuvas de outono
E o frio das noites que embalarão teu sono...

tua boca


Boca de morango
De cor vermelho, rubro
Fruta de doce sabor
Que degusto com vontade

Boca de vinho
Cor de desejo encarnado
Embriago-me em sua saliva
Afogo-me em seus lábios

Boca de carmim
Cor de carne, sangue
Vestido em tom escarlate, instigante!
Lembra paixão, tesão, pecado...

terça-feira, 14 de abril de 2009

"O que sei..."

O que sei de mim é pouco
O que sei dos outros é menos
O que sei de mim seduz
O que sei dos outros me traí
O que sei de mim talvez te assuste
O que sei dos outros sempre me ilude
O que sei de mim...
Ah! Sei nada...
O que sei dos outros...
É o que me desagrada

Amor de verdade
Amigos sinceros
Onde se encontra??
Amores são fulgazes
Amizades vão e vêm
Como uma onda...
Eu procuro os dois!
Amor pra vida toda
Amizade duradoura...

segunda-feira, 13 de abril de 2009

"Amantes"


Eu! Sua amante por escolha
Faço-me sua todas as noites
Que seu prazer chegar de açoite
E em seus braços me recolha

Fêmea... Ansiosa por seu corpo lascivo
Que nos meus sonhos torna-se exótico
Fecho meus olhos a este mundo caótico
Rendo-me ao delírio do amor permissivo

Loucuras seguem pela noite afora...
Buscando tua boca encontro seus beijos,
Que acham meu corpo e o devora!

Homem... Meu amante incansável...
Terá sempre esta serva a tua espera
Sôfrega de prazer e insaciável...

domingo, 12 de abril de 2009

"Poéticas Indígenas- Sarau"

Dede Fedrizzi

Todo dia é dia de poesia. Com este espírito, o dia 19 de abril foi escolhido pela antropóloga e escritora Deborah Goldemberg, para marcar o I Sarau das Poéticas Indígenas. A idéia, segundo Goldemberg, é reunir escritores(as) indígenas e de outras origens, cuja obra tenha inspiração indígena de alguma região do Brasil. Em outras palavras, nesse I Sarau “não cabe apenas uma única poética, a ocidental [...], mas a diversidade que vive nos cânticos, na história oral, no ritual indígena, tendo em comum a inventividade e o encantamento com a palavra e suas possibilidades. Essa reunião de poetas e poéticas pretende dar projeção e ânimo a este ainda singelo movimento intercultural e literário que é o da literatura indígena” afirma a idealizadora do sarau.

A programação contempla as regiões Norte, Nordeste, Sul e Sudeste, com escritores(as) indígenas e simpatizantes da causa indígena no país. A respeito dos mitos e lendas da Região Norte, consta a apresentação do antropólogo Pedro Cesarino sobre os índios Marubo; apresentação dos índios Eurico Baniwa e Juju Murá, de São Paulo, que abordam a cultura baniwa e murá; declamação do poema “O Guesa errante”, de Sousândrade e do poema “Cobra Norato”, de Raul Bopp. A declamação está a cargo de Tatiana Fraga. Leitura da lenda das Incamiabas – guerreiras do Amazonas, em Ressurgência, livro de Deborah Goldenberg.
Da Região Nordeste, cabe destacar: a apresentação dos índios Pataxó do Sul da Bahia Manoel Santana e Zé Fragoso; do líder indígena Bino Pankararu (PE), que vive em Real Parque, em São Paulo. Leitura da Escritora Eliane Potiguara (RJ), autora de Metade cara, metade máscara. Leitura de poemas e apresentação do vídeo "Canção peregrina" da escritora Graça Graúna (descendente potiguara, RN), radicada em Pernambuco.
Da Região Sul e Sudeste consta: a apresentação dos índios Guarani Nhandeva, com a índia Poty Porã e o índio William Macena. Leitura do escritor indígena Olivio Jekupe, da Aldeia Krukutu (Parelheiro, em São Paulo). Declamação Nicole Cristófalo em torno dos textos poéticos do escritor José de Alencar e do poeta Gonçalves Dias. Declamação de João Pedro Ribeiro (descendente Kaingang), que relembra o modernismo brasileiro, em parceria com os poetas maloqueiristas Caco Pontes e Berimba de Jesus. Leitura do escritor Douglas Diegues, de Assunción, autor de uma coletânea de poemas Guarani M’Bya. Leitura de Pedro Tostes, poeta do movimento paulistano de “Poesia Maloqueirista. A declamação do indígena Emerson de Oliveira Souza (guarani nhandeva, residente em São Paulo) que traz a leitura de um texto do Pajé Florêncio Portillo, de 1993.
O programa Entrelinhas, da TV Cultura, dedicado à literatura, irá também fazer a cobertura do evento. O sarau acontecerá na Casa das Rosas - Espaço Haroldo de Campos de Poesia e Literatura - considerado um local de celebração da poesia, da literatura e da arte em geral e que serve de cenário para a efervescência da vida cultural.

Nota: o modelo do cartaz, Alikrim Pataxó, vive na Aldeia Olho do Boi, Caraíva, Bahia.

Graça Graúna, Nordeste do Brasil, 9.abr.2009

domingo, 5 de abril de 2009

Alessandro

Algo inesperado aconteceu
Lindo e leve, como
Estrelas brilhantes no céu
Seu sorriso intenso
Salvou meu coração
Ando a sonhar com
Noites ao seu lado
Deito em seus braços,
Rendo-me e fecho meus olhos
Ouço o ruído da sua respiração

(09/02)

encontro


A meia luz do meu quarto
Espero ansiosa sua chegada
Ouvidos abertos a qualquer ruído
Olhos atentos a cada movimento
Meu coração bate acelerado
Já não suporto tanta espera
Pressiono meus lábios...
Meu corpo vibra...
É você quem surge!
Cessa-se a pressa...

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Dissonante


Homem tolo...
Pensa que meu corpo
Clama somente o seu...
Acha que minha boca
Só pede pela sua!

Homem ingênuo...
Pensa que meu coração
É seu por direito...
Acha que minhas pernas
Só seguem seus passos!

Homem infeliz...
Pensa que não o amo
E não me entrego por inteiro...
Acha que sou do mundo
Mas somente a ti pertenço! 

"Baby!"

Baby, baby, baby!
Que quer de mim menino?
Tão jovem ainda, cheio de alegria!
Faz-me sentir como se nada soubesse da vida

Baby, baby, baby!
Que quer de mim menino?
Posso te dar meu calor!
Em troca quero sua juventude em flor

Baby, baby, baby!
Menino... Moleque... Homem
Tome-me em seus braços, me faça ser sua!
Faça com que eu esqueça o passado
Prometa-me o céu, as estrelas, a lua...

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Meus olhos


Falam que meus olhos
Dissimulam o que deveras sinto
Não revelam meus sentimentos
Escondem o mais escuso instinto

Retruco tais acusações
E contesto tamanho absurdo
Meus olhos são mais que um espelho
Eles refletem o prazer mais profundo

A fábula do pássaro Na gaiola Nunca foi nosso caso Nesse caso Coube mais Aquele dito popular Da abelha Num jardim florido Não tá ma...