sexta-feira, 22 de dezembro de 2017



Escrever um livro
Fazer mestrado
Doutorado
Aprender alemão
Francês
Inglês
Viajar o mundo
Conhecer a "África"
Organizar uma passeata
Salvar a pátria


E eu?
Eu só quero dormir
Tranquilamente
Sem pensar
No que conquistar
No dia seguinte
Quero sobreviver
Mais um dia
Não beber
Não chorar
É principalmente

Não me culpar
Por não ser perfeita

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017



Passou o efeito do álcool
E já não sinto mais
Vontade de te escrever
Foi tarde
Como naquele dia
Que despejei toda minha raiva
Num áudio de 9 minutos
Que você nunca ouviu
Sempre exagerada
Sempre
Disposta a sair de madrugada
Pra te encontrar num bar qualquer
E dizer que ainda sinto
Sinto muito, tanto
Sempre exagerada
Fazendo tempestades
Em doses de cachaça
Molhando o céu
Dá sua boca
Com lágrimas
Você sente falta
Dos rodopios na sua sala
Da bagunça nos cabelos
Soltos, compridos
Não corta nunca
Por favor
Eram corpos se contorcendo
E o cheiro de suor
No seu colchão
Nunca fui muito polida
Mesmo
Nem sou de deixar por menos
Deve ser por isso
Que corre na sua espinha
Um arrepio quando me percebe
Solta, em alguma esquina
Que não vai cruzar
Que não vai me encontrar
E não adianta mais, amor
Mandinga
Ebó
Não vai trazer nossa paixão
Nem outro verão
Nenhuma promessa de santo
Mas torço pra nossa Portela
Ganhar no próximo ano

sábado, 16 de dezembro de 2017



Mas porque você
Escreve?
Se ninguém se importa
Com o que você tem
Pra dizer
Na verdade
O que você faz
É uma exposição gratuita
Da sua vida
Em busca de
Likes
Piedade
Ou foda
Não sei se dou parabéns
Ou se ignoro
Sinceramente prefiro
A fulana, ou o beltrano
Sabia que eles têm livro publicado?
Que participaram de sarau no Sesc?
São mais respeitados
Lógico!
A bunda deles não tá no Facebook
Eles não dão vexame
Nem falam alto por aí
Dizendo o que pensam das pessoas
O que você escreve
Desculpe

Mas nem chamo de literatura
De tão banal
Grotesco
E vulgar
Pra mim
Pra nós que estamos aqui
Idolatrando
Ana C e Hilda Hilst
Parece que você quer
Chamar atenção


sexta-feira, 15 de dezembro de 2017



Eu queria
Me jogar no mundo
Assim como
Me atiro na cama
Dos amantes
Que fingem me amar

Me lançar no vento
E sentir
Essa liberdade
Que ainda não sei
Somente anseio

Como num sonho
Um desejo
Algo que vive
E morre
Aqui dentro

Todos os dias

quarta-feira, 13 de dezembro de 2017



Queria entender
O poder do mar

Essa força que emerge
Do calor
Do vento
Quando muda
O tempo


De longe
Aquela calmaria
Por dentro
Tanta vida
Mistérios

Queria entender
O poder do mar

A água salgada
Com sabor de lágrima
Que cura

Morada de Yemanjá
Berço de todo amar
Todo coração
Cabe nesse abraço




segunda-feira, 11 de dezembro de 2017



Tem gente
Que força poesia
Como quem
Força
Desejo
Tesão 

Se esfregam
Com as palavras
Pra ver se excita
Criam um clima
Mas beijam o papel
Sem paixão

Poesia pra mim
Chega como transe
Subindo feito arrepio
Um beijo na nuca
As palavras
Umedecem meus dedos
E desfaleço
Em lágrima
Gozo





sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Não tem mais
Encanto

A voz rouca
Pela manhã
Detalhes da unha
Na boca

Enjoa
Tudo sempre igual

O caminhar
A risada
A roupa

Sem conversa
Sem assunto
Bom dia
Vira
Mal humor matinal

Acabou o mistério
Acabou a magia
O fogo

Antes queimava
Agora
Só cinza
Como os dias

Então saímos
A procura do novo
Corpo
Cheiro
Gosto

Outros serão
Seduzidos
Capturados
E
Depois
Esquecidos

Seguindo o fluxo
da paixao
Que explode
Pulveriza
Gozo e lagrimas

quarta-feira, 6 de dezembro de 2017



Como domar
Um coração selvagem?


Dê doses
Infinitas de sossego
Leve suas dores
Até as montanhas
Para respirar
Um pouco
De ar puro
Prenda sua fúria
Com força
Em meio a abraços
Sonhos
Devaneios
Invada sua vida
Com uma certa esperança
E de maneira nenhuma
Deixe-o sentir
O gosto sedutor
Da paixão
Essa droga
Que invade, queima
Se alastrando feito pólvora
No coração dos amantes

terça-feira, 5 de dezembro de 2017



O que você está lendo hoje?
Bula de antibióticos
Rótulos de cerveja
Mensagens antigas não enviadas
Mensagens não respondidas
Linha da mão
Carta de tarô
Um muro da esquina dizendo
"Vá viver"
Leio os sinais no céu
Cheio de perguntas
O que você vai ler amanhã?
Ainda não sei

segunda-feira, 4 de dezembro de 2017



Tenho fetiche por baixistas
E gosto de fazer
Eles sofrerem
Gosto de sentir
Seus dedos longos
Grossos
Dedilhando meu grelo
De gemer bem alto
Quase perdendo
A voz, os sentidos
Tenho fetiche por baixistas
E seus acordes discretos
Sonhos secretos
Escondidos no palco
Adoro suas línguas afiadas
Percorrendo meu corpo
Lambendo
Mordendo
Chupando
Tenho fetiche por baixistas
E de fazê-los suplicar
Pelo meu gozo
Em sua boca
De sentir meus seios
Contra seu peito
Tenho fetiche
Em vê-los suplicar
Por mais um pouco
De prazer
Por mais um beijo
Por mais
Mais
Sempre
Mais

sábado, 2 de dezembro de 2017



Enquanto ainda tiver
Homens dizendo
Que eu devo me "valorizar"
Mulheres brancas
Mandando eu estudar
E gente pra me boicotar
Vou continuar
Bem raivosa
Bem virada no raio
Bem puta da vida mesmo
Desejando que essa cidade
Se exploda
Afundando na própria merda

Não me calo!




Negar água
Ao meu povo
É uma falta
Muito grande
Pode até
Dar azar
Trazer
Má sorte
Portanto,
Não me negue
Seu suor
Sua saliva
Sua lágrima
Me dê tudo
Que te verte
Tudo
Que te inunda
E me afoga!


Choro.

Minhas paixões acabam sim
Um dia
Quando menos espero
A chama apaga

Grito.
Não sei como lidar com as lembranças
Dói ver quem amei partir
Mesmo que não haja mais amor
Mesmo que eu não me importe mais
Sinto meu coração
Mais apertado
Mais contundido
Sei que faço ele sofrer demais
Com tanta porrada
Queria ser calmaria
Não consigo
Não consigo

Suspiro.
É tão triste viver sem paixão
Sem ardor
Sem tesão
Por isso
Tantas lágrimas
Sofro de adeus
Só me resta pegar as cinzas
Ainda quentes
Dentro de mim
E assoprar com força
Pro vento levar


(Suspiro)

(Grito)

(Choro)

sexta-feira, 1 de dezembro de 2017



Desde ontem
Meu coração
É só intensidade
Batendo forte
Bombando


Profundo
Um abismo
De sentidos

Um mar
De mistérios
Encantos



Outubro, 2016.

quarta-feira, 29 de novembro de 2017



Sou poeta
Que grita
Aquela poeta maldita
Que joga a merda
No ventilador
Você repudia
Prefere acreditar
Em versos melosos
Em frases feitas
Que não tem paixão
Que não tem coragem
Será
Que preciso conter
Toda mágoa
Que mora em meu
Peito
Pra que ela não
Se transforme em
Mais dores
Mais desamores?
Não sei se consigo
Não é da minha natureza
Represar sentimentos
Sou como um rio
Tranquilo
Que na queda se transforma
Em cachoeira
Água que mata sede
Alivia o calor
Mas que também
Destrói

domingo, 26 de novembro de 2017



Não sou sua bóia
Não sou sua droga
Não sou sua bengala
Não sou sua fuga


Sou uma fudida
Cheia de mágoa
Cheia de esperança

Fode meu corpo
Só não fode minha mente


Cheiro de banana nanica
Amassada com canela
Num copo, aguardente
Panela acesa no fogão
Molho picante, doce
Por cima do macarrão
Roupa na máquina
No varal
Sol, calor
Dois corpos
Suados
Famintos
Domingo tem gosto
De paixão

sábado, 25 de novembro de 2017



Quando você acorda
E só pensa em dormir
Novamente
Deseja
Pegar um máquina
Do tempo
E voltar um ano atrás
Meses
Dias


Mas não pode
Não consegue

Você tenta
Voltar a dormir
Voltar ao passado
Esquecer
Mas cai
No abismo

Difícil lidar com meus erros
Aceitar meus defeitos
E seguir
Deixar fluir como rio
Que sou

Abraçar a água
No meu ori
Abraçar o vento
Rodopiando
No meu peito
Cair e levantar
Como cachoeira





Escrever para não morrer
Não é só metáfora
De escritor branco
Que faz versos
Pra conquistar mulheres no Facebook
Infelizmente
Muitas mulheres negras morreram
Ontem, hoje
Por não conseguirem mais suportar
A dor, a fome, o abuso
Toda mágoa que estava presa
Dentro dela
E a única forma de existir
De resistir
É escrevendo aqui
Na rua
Nas paredes
Se libertando de tudo
Se tornando mais leve


Eu sou uma dessas mulheres
Que param numa praça qualquer
Chorando compulsivamente
Tentando desaguar
Toda angústia
Toda mazela
Todo pus preso na garganta
Através da poesia

Então eu escrevo
Pra não me jogar de ponte
Pra não tomar veneno
Pra não cortar os pulsos
Pra viver
Pra existir
Por mais alguns minutos


sexta-feira, 24 de novembro de 2017



Sou falsa
Cubro de sol
Dias de outono
Boto verde
Na copa das árvores
Mel nas flores

Fingida
Tinjo de azul
Céus da boca
Faço brotar
Água doces
Em terra preta
Seca
Árida
Sem vida
Sem semente

Mentirosa

Faço chover
Dias e dias
E inundo
Formando rios de lágrimas
Sopro ventos
Até virar tempestade
Depois
Seca
Viro deserto

Meu nome
É Kalahari


terça-feira, 21 de novembro de 2017



Tem tanta palavra
Querendo sair
Do meu peito
Tanto sentimento
Engasgado


Um grito
Uma poesia
Que não vai explodir

Sofro represada
Querendo que toda palavra
Toda poesia
Em mim inundada
Desague, vire mar

sexta-feira, 17 de novembro de 2017



Posso falar uma coisa
Que tá me incomodando?
É essa cidade
E sua falta de afeto
Isso mesmo
Falta afeto nesse lugar
As pessoas são duras
Como o asfalto da Ana Costa
Tão cheios de buracos
Cheios de si
Cheios de merda
Ando por ela e me perco
Dá medo até
De ser confundida com uma indigente
As vezes sou, até
Porque me sinto invisível
Nas ruas
Nos canais
Nas praias
Só apareço do lado daquele gringo
Deve sustentar ela
Ou ela deve ser enfermeira
Vive de branco, só sai a noite
Estranha essa relação
Com essa gente, não me meto
Vejo nos olhos o julgamento
E sinto o mal dizer na carne
Caiu um copo de chá de cidreira
Agora, bem no meu pé
Nada é por acaso
Nada foi engano
Hoje eu sei que aquele adeus
Foi porque você sentiu saudades
Mas não aguentou ficar
Na boa, eu também fugiria
Se eu pudesse
Voaria pra bem longe
Mas eu tô aqui
Presa nessa cidade
Presa dentro de mim


quarta-feira, 15 de novembro de 2017



É tudo questão de gosto
Meu bem
E eu ainda sinto o seu
Na minha boca

Cada detalhe do seu corpo
Cicatrizes, tatuagens
Fotografados na minha retina
Não me deixam dormir

É tudo uma questão de gosto
Meu bem
O pó, o beck, a cerveja
Dá a mesma brisa que meu corpo
Sei que você tenta fugir

Mas é tudo uma questão de gosto
De jeito, de vontade
E seu vício em mim
Já foi tarde
Me resta somente a lembrança

quinta-feira, 9 de novembro de 2017



Domingo

Bebi todas as
Mágoas
Me afoguei em
Lágrimas
Por fim
Encarei o passado
Numa esquina
E ele gargalhou
Da minha agonia
Sem olhar pra trás
Seguiu seu caminho
Deixando sua sombra
Em outro corpo exausto
Numa cama sem dono
Sem direito a um cigarro


Já fiz tantas
Loucuras
Por amor
Que hoje
Cansei


Não faço
Planos
Não tenho
Mais
Enganos

Sai
Do temporal
Coloquei
Meu coração pra secar


(Poesia que achei nos rascunhos de novembro de 2016)

quarta-feira, 8 de novembro de 2017



Amei homens
Sem nome
Sem rosto
Sem endereço
Perdidos nos poemas
Sem visualização
Enviados nas madrugadas
Regadas de soluços e álcool
Reclamo por mais
Sempre mais
No desejo
Matar minha sede
Minha fome
Transbordo
Grito
Xingo
Amaldiçoado seja
Aquele que me nega
Uma gota de saliva
Você queria foder
Te dei
Você queria tesão
Te dei
Você queira paixão
Te dei
Mas quando
Pedi pra me amar
Fugiu

segunda-feira, 30 de outubro de 2017



Essa cidade
De víboras
Com seu
Veneno
Falso
Dissimulado
Hipócrita
Cidade
Que trás dor
Ressentimentos
Nas suas sarjetas
Só vejo
Os ratos
Passeando
Querendo meu sangue
Os urubus
Buscando minha
Carniça
Mas eu não deito
Se vocês querem
Meu fim
Que seja somente
Depois de vossas cabeças
No chão!

terça-feira, 24 de outubro de 2017


Sobre os vários nãos

Não é que uma hora cansa
Não, não é isso
Todos os dias são cansativos
E chega um dia
Que o peso se torna insuportável
Não sou uma fortaleza, sabe?
Não sou forte e poderosa
Nem invencível
Sou humana
Erro muito mais que acerto
Não fiz santo a toa
Deitei pra orixá pra ter governo
Pra trabalhar minha fé
Ter caminho e paz
Mas os nãos são maiores
E aprendi isso
Aliás
Acho que entendo bastante do assunto
Não sou bem vinda
Não sou correspondia
Não sou normativa
Não sigo cartilhas
Redundante dizer
Que não sou o que deseja
O que você espera
Não sou nada
E se me enxergasse assim
Poderia ter sido mais
Poderia sentido mais
Poderia
Das certezas que tenho
É que construí minhas verdades
Incorruptíveis
Indissolúveis
Talvez seja meu não interno
A dureza de ser água abundante
E sentir-se represada
Dói demais querer existir
Num mundo tão quadrado
Tão certinho
Tão perfeito
Dentro de suas caixas
Dentro de desejos contidos
De pessoas rasas
Mereço a profundeza
Eu busco o abismo
Porque nele
Não há certeza de nada
E já que também sou nada
Deve ser bonito simplesmente
Se entregar e cair


Domingo é foda!
Tinha nos olhos
O som do agogô
Um samba
De Paulinho da Viola
Por muito tempo
Minha trilha sonora
Era seu baixo
E o piano de cauda
Esquecido na sala
Faz falta
Aqueles cabelos negros
Escorrendo nos ombros
Aquela tatuagem
Estrategicamente feita
Pra me seduzir
Escorpiano
Com uma língua
De fogo
Que fazia minha boceta
Inundar
De desejo
Malemolência, cadência
Coisa de Ogã, né?
Faz falta
Comer aquela comida
Cheia de alho e azeite
Beber num gole
Uma pinga mineira
Fumar toda Mary
Que der conta
Pra fugir do pó
Não é fácil
Ouvir samba enredo
E não lembrar
Suas guias azuis
Penduradas no São Jorge
Foder pela sua casa
Ouvindo Baden Powell
Viver como num suspiro
Depois do gozo
Mas pode deixar
Neguinho
Que eu sobrevivo
Teu vício já cursei
Em outros corpos
Mas de vez enquando
Ouço nossa canção e lembro
Faz tempo
Que a expressão
"Minha preta"
Não faz mais sentido
Soa triste
Dolorido
Prefiro ser a rainha
Que você tanto cantava
Mas que nunca deu
Coroa e nem seu coração



segunda-feira, 16 de outubro de 2017

os dias passam
feito nuvens de chuva
não consigo esquecer
nossa noite
teu rosto desenhado
na minha retina

cada gemido
cada mordida
intensidade
da nossa paixão

seu corpo
é meu vicio
carreira de pó
ponta da ganja
lambo, chupo
até o final

sem medida
sem pausa
sem folego

gosto assim, entregue
de quatro
me pendido
me come, me fode
lindo
pleno
como os versos
que fiz na sua parede
com batom rosa

quero denovo
insaciavel
ansiosa
deixando rastros
no seu lençol
pra você não esquecer
que eu gozei
muito
até sucumbir
explodir na sua boca

desculpa, foi mal
não te telefonei
mas to aqui
escrevendo esses versos
e querendo
esperando
sempre
você

segunda-feira, 10 de julho de 2017

Corpo movimento
Corpo evento
Que transborda
Desassossego
Corpo que reclama
Do peso
Da vida
Corpo imenso
Intenso
Corpo sem lugar
Sem lar
Corpo ocupação
Sou uma onda
Tempestade
Maremoto
Um Tsumani

terça-feira, 4 de julho de 2017

Sonho com o caminho da sua casa
Todos os dias
Passeio pelos trilhos do VLT
Vou de boteco em boteco
Te procurando
Numa garrafa de cerveja
Só encontro mágoa
Solidão
Já foi o tempo
Que te ver chapado me dava tesão
E sua boca era meu refúgio
Meu naufrágio
Uma noite era o bastante, sempre achei
que eu só queria paixão
Mais uma foda
Pra guardar de recordação
Quando eu tiver bem velhinha
Paro alguns versos desse poema
E sinto sinto ciúme
Porque até esse verso te beija
Menos eu
Ainda sinto a flecha
Que você atirou no meu coração
Seu gosto na minha boca
Escrevo
Tinha tanta coisa pra dizer
E eu só fiz poesia
Eu só gemia
Pra dizer que te amava
Enquanto os bares fechavam
Não tem mais samba
Eu sou aquela moça que canta
Alcione e chora
Pedindo pro amor voltar

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Sou tão
Transparente
Que tu enxergas
Através de mim
E não me percebe
Sangrando


Daqui a pouco
A lua em touro
E eu já farejo
Seu cheiro
De cravo e canela
Já degusto
O sabor
Da sua boca
Já sinto
Suas mãos
Em meu corpo
Transpiro
Inspiro
Profundamente
Mas a sede
É pelo vinho
Seco
Que saí do seu
Sexo
Meu coração acelera
Dói
Como estômago vazio
Não tem jeito
Pois tenho fome
E você é
Meu prato
Principal


(Ao som do blues ou do jazz
Ou só minha voz mesmo)

#luaemtouro
#vênusemtouro

domingo, 18 de junho de 2017

Domingo
É ressaca
De Jurubeba
É mensagem
Não lida
Foda mal dada
Calcinha enfiada
Domingo
É desnecessário
Mas preciso

sábado, 17 de junho de 2017

deja vu



Cada
Estocada
Na
Minha
Boceta
Eram
Todas
No
Meu
Coração
Hoje vi um nome
Tão lindo
Que parecia poesia
"Fulano del Mar"
Não sei se é mesmo
De batismo
Alcunha
Ou de poeta
Mas é tão bonito
Ter o mar no nome
Marina
Mariana
Marília
Tem nome d'água
É ser poesia
Eu tenho nome de árvore
Não sou lá essas coisas

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Tem tanta
Coisa
Pulsando
No meu
Coração
Que eu
Não
Consigo
Dizer
Nem
Escrever
Preciso
De outras
Drogas
Novos
Corpos
Que suportem
Esse
Maremoto
Que
Mora
No meu peito
Poetiso
Meus desejos
Minhas vontades
A velha fome
Camuflada
Em angústias
Que brotam
Em meio peito
Líquido
Não há poesia
Nas violências
Que sofro
Cotidianamente
Elas me secam
Não crescem
Flores
Na minha margem
Essa é a dureza
De ser rio
Nesse mundo
Deserto


Me apaixono
Mesmo!
Fico de quatro
De lado
Até dou
Vexame
Acho um tédio
Viver sem paixão
É como um
Vício
Um vírus
Não quero ser
Nem estar
Imune
E lá vou eu, denovo
Porque sempre
Me fodo
Mas também
Sempre
Gozo
No final

terça-feira, 13 de junho de 2017



Eu entro com a pedra
Você com a cabeça

Eu entro com o pau
Você com a boceta

Eu entro com a sede
Você com a cerveja

Eu entro com o fogo
Você com a fogueira

Eu entro sem medida
Você entra inteira

Eu entro com o corpo
Você com a caneta

Inspiração
Lembra?
Das vozes
Ofegantes
Das fotos
Insinuantes
A promessa
Do beijo
Do gozo
Eu lembro
Vivo de lembranças
E depois escrevo

segunda-feira, 12 de junho de 2017

domingo, 11 de junho de 2017

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Me
Desejar
É
Fácil
Quero
Ver
Me ter!
Paixões que duram
Uma gozada
Amizades que duram
Quase nada
Acho 
Que devo ser
Ruim de cama
Ou
Em fazer drama
Minha vida
É um boteco
Sem freguesia
Passou o ponto
No final
Nada deu certo
Nem sei se
Um dia dará
Escolhas erradas
Mudança de planos
Apostas lançadas
Só jogo de azar
Quando acho que pode
Não deu
Quando acho que foi
Já era tarde
Tempo acabando
Cansaço
O corpo não é
Mais o mesmo
E quem me segura é orixá
Não tem mais nada
Nem tesão
Nem paixão
Amizade
Família
A poesia feita na marra
Embriagada
Quase um pedido
De socorro
Aliás
Vivo pedindo desculpa
Pode querer demais
Por ventar demais
E por essa fome
No meu peito
Que não passa
Eu já não peço mais nada
Foda-se

domingo, 4 de junho de 2017



Então
Você se cansa
De atravessar temporais
Se enjoa
De contemplar
A ressaca
Dos meus olhos
Seu coração
Quer calmaria
Em mim só achou
Tempestade
Agora procura
Um porto seguro
Outro cais
Segue navegando
Sem dizer adeus
Sem olhar pra trás
Desculpe
Precisar de tanto
E você, tão pouco


De todos
Que passaram
Pelo meu
Corpo
Só tu deixou
Em minha
Boca
O gosto
Agridoce
De saudade


Sofro de domingos

terça-feira, 16 de maio de 2017

Como conter
Essa vontade
De te provar
Te devorar
Naufragar
No seu corpo?
Você é como
Mar no verão
Que me chama
Que reclama
Minha presença
E eu quero
Mesmo
Mergulhar
Transpirar
Você
Cada 
Segundo
A todo instante

Maio, 2016

Meu corpo gordo
Forte, farto
De tão larga
Imensidão
Não cabe
Nesse mundo
Pequeno
Feito sob medida

Meu corpo gordo
Que é o infinito
Quer fogo
Terra e ar
Água
Absorvendo
Minhas paixões
Portanto, vivo
Intenso
Sem regras
Sem padrão


"Uma tigresa de unhas negras e íris cor de mel
Uma mulher, uma beleza que me aconteceu
Esfregando a pele de ouro marrom do seu corpo contra o meu
Me falou que o mal é bom e o bem cruel"

Caetano Veloso

sábado, 6 de maio de 2017

Sou tão covarde por ainda estar nessa cidade Me sinto inútil Mais um ser sobrevivendo Nessa terra que fede mais que as sojas no cais Tudo aqui é permitido, na encolha As pessoas vestem máscaras e saem por aí Achando que não percebo sua verdadeira face Eu tenho nojo daqui Engulo o vômito várias vezes Pra continuar a ter um teto Enquanto eu queria mesmo Era fugir pra qualquer lugar Não sei como alguém consegue Respirar esse ar cheio de hipocrisia Eu não consigo Talvez seja esta minha sina Apodrecer aqui Enquanto definho Esporrar essa cidade de verdade Nua e crua!

segunda-feira, 10 de abril de 2017

Eu não faço amor
Eu fodo!
Tem coisa mais bonita
Que se fuder
Nos outros?
Não fala que
Me ama
Diz que quer
Fuder minha vida
Que eu gamo

Contém ironia
As melhores poesias
Fiz caminhando
Com minha mente geminiana
Destilando inquietações

A cada passo forte
Surge uma frase
Solta, coloco uma
Na outra
Forjo
Aço e água

Deve ser minha natureza
De vento
Minha veia correnteza
Funciono melhor
Em movimento
Feito nuvem
Feito rio

Não paro de
Pulsar

áudio do poema

segunda-feira, 3 de abril de 2017

Se eu entrasse
Pela sua porta
Com o cabelo molhado
O corpo tremendo
De desejo
Você me deixaria entrar?

Se eu pedisse um beck
Pra beber um vinho
Ouvir você tocar
Baixinho
Você deixaria eu ficar?

Já sei
Um ano é tempo demais
As águas não voltaram
Nem a chuva regou
Minhas mudas de manjericão
Eu queria a cerveja na mesa
Comida no fogo
E colocar um vestido branco
Combinando com a renda do abebé

Agora, vivo de ilusão
E do seu sorriso
Naquela foto antiga
Você tinha razão
Não tenho juízo

Agora, tudo passa
Na velocidade da flecha
Que você deve disparou
Saudade é palavra de ir
E você foi embora
Levando meu quadro é meu coração

quinta-feira, 30 de março de 2017

A lua já está em touro
E você​ negou este corpo
Que sedento pede
Pra ser devorado

Nada é mais prazeroso
Que se dar
Que se perder
Que se achar
Em outros braços
Nada mais odioso
Que se contentar
Com o prazer solitário
Da minha mão imaginando a sua
Enquanto percorro meu sexo
Segue a secura na pele
Na falta do suor
Segue a fome na boca
Que pede a sua
Segue o sangue quente
Correndo em minhas veias
Como uma sina sem fim

quarta-feira, 29 de março de 2017

Meu último dia aqui
Chega de se esconder
Tem coisa que não muda
E aqui dentro é o problema

Eu não sou diferente
Eu não sou melhor
Sou tão igual
Quanto tantas outras
Tão parecida com todas

No final de tudo
Somos loucas
Somos difíceis
Somos intransigentes

No final
Quando atingimos seu ego ferido
Somos tudo que você amou
Mas passou a odiar
Em segundos, em minutos

Minha poesia atinge
Sua artéria como faca afiada
Eu sangro todo mês
E tô viva!
Homem
Caga 
Tudo

E eu
Cheia 
Dessa
Merda!


segunda-feira, 27 de março de 2017

Como você vive
Se dentro do peito
Tem um oceano
Que a cada lunação
É calmaria
Ou maremoto?
Respondo
Ou aprende a nadar
Ou faz como eu
Continuo me afogando

domingo, 26 de março de 2017

Eu não tenho nada
Moro de favor
Não tenho dinheiro
Sem rumo e sem lugar

Você me vê sorrindo
Numa foto
Esse sorriso não existe
Voce me vê ao lado
De um home que não me ama

Eu sou um enfeite
Um troféu

Eu sou um estorvo
Um mal necessário

Nunca tive paradeiro
Nunca tive porto

Sempre andei por aí
Me deixando no caminho
Sendo sugada
Por homens parasitas
Atrás do meu sexo, do meu brilho

Eles brilham ao meu lado
Roubam minha pouca alegria

Você que acha minha vida
Um sonho
Não sabe que vivo em pesadelo
E que nunca vou acordar
Sobre afetividades

Eu não sei amar
Ninguém me ensinou
Com meus pais
Afeto é comida na mesa
Roupa limpa, um teto
Nada mais
Eu acho bom até
Abrigo é melhor que nada

Ninguém pegou na minha mão
E falou que amava
O primeiro que se ajoelhou
E disse que ficaria ao meu lado
Na tristeza e na doença
Me cortou tão fundo
Eu não quero mais sangrar

Minhas lembranças doem
Cada homem que amei me matou
Me mutilou
Não quero seu amor
Esse amor doente
Que vive de passado
Que confunde desejo com carinho
Que nos meus olhos não enxerga alma

Eu digo adeus todo dia

segunda-feira, 30 de janeiro de 2017



Dia após dia
Só o cansaço
O corpo
Pede cama
Não pra satisfazer
Seu desejo
Falta tesão
Vontade
Sobra sono atrasado
Conta atrasada
Vida atrasada
Sem dinheiro
Sem sexo
Sem prazer
Sem poesia


A rotina
Das roupas jogadas no chão
O pote vazio de ração
A gata sem atenção
São poucas horas
Tanto a fazer
Mas não há tempo

Desejo sim
Todo o dia
Que a noite venha
Mesmo que curta
Mate um pouco a tristeza
Me faça sonhar
Com as noites
Que passei a seu lado

A fábula do pássaro Na gaiola Nunca foi nosso caso Nesse caso Coube mais Aquele dito popular Da abelha Num jardim florido Não tá ma...