terça-feira, 24 de outubro de 2017

Tinha nos olhos
O som do agogô
Um samba
De Paulinho da Viola
Por muito tempo
Minha trilha sonora
Era seu baixo
E o piano de cauda
Esquecido na sala
Faz falta
Aqueles cabelos negros
Escorrendo nos ombros
Aquela tatuagem
Estrategicamente feita
Pra me seduzir
Escorpiano
Com uma língua
De fogo
Que fazia minha boceta
Inundar
De desejo
Malemolência, cadência
Coisa de Ogã, né?
Faz falta
Comer aquela comida
Cheia de alho e azeite
Beber num gole
Uma pinga mineira
Fumar toda Mary
Que der conta
Pra fugir do pó
Não é fácil
Ouvir samba enredo
E não lembrar
Suas guias azuis
Penduradas no São Jorge
Foder pela sua casa
Ouvindo Baden Powell
Viver como num suspiro
Depois do gozo
Mas pode deixar
Neguinho
Que eu sobrevivo
Teu vício já cursei
Em outros corpos
Mas de vez enquando
Ouço nossa canção e lembro
Faz tempo
Que a expressão
"Minha preta"
Não faz mais sentido
Soa triste
Dolorido
Prefiro ser a rainha
Que você tanto cantava
Mas que nunca deu
Coroa e nem seu coração



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