Foi num domingo
 No meio de um panelaço
 Que você me viu pela primeira vez
 Disse que eu parecia de Yemanjá
 Foi num domingo
 Que entrei na sua casa
 Você me ofereceu vinho
 Perguntou se eu tinha fome
 E me ofereceu um lugar pra sentar
 Foi num domingo
 Que conversamos sobre candomblé
 Sobre nossas perdas, sonhos
 Reclamou do calor 
 E me deu um leque de presente
 Foi num domingo
 Que parada na sua cozinha
 Enquanto você preparava pasta
 Fiquei te admirando
 Mexer nas panelas, nos cabelos
 Foi num domingo
 Que você olhou nos meus olhos
 Pedindo um beijo
 Toquei pela primeira vez seu corpo
 Sentido meu coração e o seu pulsar
 Foi num domingo
 Que sentei na sua mesa de jantar
 Comi sua comida
 Depois deitei na sua cama
 E desejei nunca mais sair de lá
 Foi num domingo
 Que se prolongou até a segunda
 Durando um ano inteiro
 Entre idas e vindas
 Sonhos e desilusões
 Começo e meio
 Sem final feliz
 Março, 2015.